14.3.09

JULES ET JIM




Segue com um ritmo quase cronológico. Rápido e sem muitos detalhes no início, o filme começa mostrando como a amizade de Jules e Jim cresceu. Como era a relação. Define o perfil dos dois amigos. Tudo muito rápido, como a juventude. Como os desejos de cada um, talvez.
Mas o rumo das coisas muda depois de Jules conhecer, e apresentar, Catherine a Jim. Daí começa um triângulo amoroso recheado de sentimentos, ações e dúvidas tão reais e humanas, que é impossível não se sentir em conflito com as personagens.

Ao decorrer, escolhas são feitas e o ritmo não é tão alucinado. Vem a guerra, a perda. Sem percebermos a fase de transição , tudo está quieto, como se não houvesse mais curiosidade pelo futuro. Como se a paixão não estivesse presente para mover desejo algum. Até que, mais uma vez, surge o amor. Com ele parece que tudo se torna novo e interessante. Mas a realidade dificilmente condiz. Em todos os termos, quando sentimos que algo está novo, completamente novo, após anos de entorpecimento, é comum uma queda. Mas pior que ela, sentimos como se , na verdade, nunca tivessemos saído do buraco.

Quando tudo é realmente uma descoberta, sentimos o gosto das perdas com uma sensação quase saudável de que teremos tempo para uma segunda chance. Mas mesmo quando recuperamos, sentimos que o tempo é exatamente o que nunca possuímos.
E uma nova recaída pode ser fatal. Será por isso que nos confortamos em nós mesmos, em memórias, em desculpas que ninguém acredita?
Medo. Indefinível e silencioso. Vem com o tempo, vem facilmente... sem vontade alguma e ainda assim, tão forte.

E é esse medo que Truffaut, de maneira suave e desprovida de diálogos desnecessários, adiciona à personalidade de suas personagens, que, no final, nos mostram como podemos mudar e ainda sermos os mesmos. Não se explica, mas é visível em cada olhar. Deixamo-nos moldar, de maneira que só depois de muito tempo, percebemos que aquilo que estava dentro, que era o mais importante, nunca sequer foi tocado.

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