15.2.10

Vida nos trópicos

Outro dia vi um filme. Contava uma história de amor onde homem e mulher se amavam louca e europeiamente. O filme os separava quase toda cena, mas, no final, eles abandonaram o roteiro e gravaram o "tape" final à margem de uma linda lareira de mármore, abraçados e lindos. Veja só, essa beleza foi certamente seguida de minhas lágrimas suadas, deslumbradas. Eu e lágrimas, maravilhadas pelo fim do filme.
Mas aqui está quente demais para lareira e o clima tropical brasileiro é carnavalesco em demasia para romances. Meu Tristão é só um João, e, embora o pão nosso de cada dia seja roubado, temos um almoço cristão; Rabada.
Não tem choro, nem vela. Não tem sacada para declaração. Por pouco não perco minha novela. Sem mais papo, então. E o suor escorre, o menino na rua. O pecado corre, e a GloBeleza novamente nua.
Pé no chão, pé na lama. Aqui a vida é pagã, mesmo com um reino de Deus blindado em cada esquina. E ninguém reclama, pois está na hora do samba. É o samba, é o samba. É uma droga carioca; 50 graus de manhã.
Mas o drama, a armadura e o Romeu vão é ficar para depois do desfile da Mangueira. A paixão, a canção, o Alencar e a sua Senhora, é o que sobrou no sobrado ao lado do Maracanã, que, aliás, ainda está por limpar.