6.12.09

Pensamento sem tempo perdido!


Se me perguntassem agora, eu diria que devia ter passado bem menos tempo da minha vida pensando. Eu não podia, simplesmente não podia, ter parado assim. Foi uma pausa fatal, abismal, marginal e que agora fica me perseguindo. Vem à mente aquela cena de Tom e Jerry em que o rato corre e se esconde num buraco na parede, para o gato bater com a fuça na parede. E eu nem sei porque, dentre tantas imagens melhores que poderiam me ocorrer, essa foi a escolhida pelos meus malditos pensamentos. Aqueles, de umas frases atrás. Não sei nem se eu seria o gato, o rato, ou as pernas da moça que cuida da casa. Eu não sei nem quem eu sou agora, toda raivosa escrevendo desabafos sortidos num blog. Pois bem, jurei de pé junto que não usaria isso aqui como válvula de escape, a não ser com textos disfarçados de qualquer coisa filosófica. Mas eu resolvi quebrar mais essa regra/meta também, e aqui está. Só para não perder o hábito, fica uma mensagem para ser pensada: "Somos todos perseguidos pelo passado, mas se ele nunca nos alcança, será que tem mesmo importância?"
Está aí. Agora reflitam vocês porque, como eu disse, cansei disso. Vou me perder entre jogo, bebida e drogas. Ok, seria mais filmes, música e coca-cola.

1.12.09

Em casa.

Aquela calma dos dias sem sol. Aquela da chuva batendo contra o vidro do carro, num ataque suave. A calma daqueles que não sabem cantar nem dançar e cantam e dançam no chuveiro. A calmaria do vento batendo no rosto violentamente, lotando os olhos de uma ardência, de lágrimas e de satisfação. Juro que sinto a calma maior não depois da tempestade, mas minutos antes do seu fim. Quero aquela tranquilidade do pós-prova, pós-declaração e pós-ilusão. Poder querer as coisas mais absurdas, os sonhos mais impossíveis: Amar e ser correspondido. Sorrir depois de uma tragédia grega em sua própria história. Abraçar o fim do mundo com carinho de mãe coruja.
Aquela calma, também, de se desligar do que não presta. De se tornar permanentemente indisponível para quem não te quer bem. O humor da calma sem grandes causas, e a calma do humor sem gargalhada.

Faz de conta que não sei.


Eu estava errada, mas acima de tudo, era um erro inocente. Com o tempo, no entanto, parece que tudo o que aconteceu alimentava o erro. Com o tempo, devia passar, ir embora de vez, mas não. O erro ficou e se tornou indecente, quase vulgar. Por isso mesmo eu passei uma colinha nos meus olhos. Senti alguma coisa ao fazê-lo, mas só hoje entendi que foi dor. Só hoje também eu sei, que fechar os olhos foi pior do que a vista miserável que eu tinha. No final das contas, a cola passou da validade e deu lugar à uma luz ofuscante, como um sol gigante bem na minha cara. Tinha minha visão turva, que me proporcionava melhores experiências com os outros sentidos. O tato, que passou a ser uma base. O paladar, que eu tive o cuidado de aprimorar. O instinto. Que nunca me disse muito, mas está lá.
Mas eu queria o pacote completo; precisava de colírio, de óculos e lentes. Deixar de ser demente, enfim, e ver o sorriso sem dente de tanta gente que eu me negava a reconhecer como próximas a mim. E eu vi; mais que isso, eu me fiz ver.
Em tom de alívio, assim como o saber do sentido conquistado, senti outras milhões de raivas, medos e dúvidas me invadindo. Ares de outros cantos e certezas de outras vidas. Poderia ser confuso, mas foi engraçado. Foi fácil sorrir depois de pensar, e só pude pensar depois de sentir. Agora eu riria sem pudor daqueles que ignoram os próprios olhos. E seria o brinquedo mais bacana de quem não sabe brincar.