27.9.09

Sobre o Branco


O filme é o segundo daquela trilogia das cores que mencionei anteriormente. Chama-se A Igualdade é Branca e trata de Karol Karol, um polonês que é obrigado a passar uma temporada na França para as formalidades de seu divórcio com Dominique Vidal, sua ex mulher.

No tribunal, Karol perde a causa, tendo que pagar pensão á Dominique, que o humilhou dizendo que a causa do pedido do divórcio é que o casamento não foi consumado. Ai, essa doeu.

Mas a crueldade de Dominique não para por aí. Depois de tirar todo o dinheiro de Karol, e deixar que ele virasse um mendigo em Paris enquanto ela dispunha de um apartamento confortável o bastante para ambos, ela o maltrata se exibindo com homens, sabendo que ele ainda a ama.

Pois bem. Karol não deixará essa passar em branco. Ele volta à Polônia e dá início a um processo de vingança muito bem bolado.

Cuidado, eu diria a Dominique. Esse sangue eslavo sabe como dar o troco. O filme é em geral triste, visto do ponto de vista de Karol e sem narração qualquer.

Bem típico de filmes franceses, é objetivo e, ao mesmo tempo, meio "nublado", se é que eu tenho alguma moral para usar esses termos.

Tem o amor, certa ternura, mas por outro lado tem a vingança. Mas esse não é bem o final que uma trama de amor deveria ter. Certamente, Karol não fica feliz, mas, talvez, tranquilo. E Dominique, sempre inabalável, agora compreende, que, seja lá qual for sua nacionalidade, a igualdade é necessária. Branca? Nesse caso, me está mais para o vermelho, mas deixa ser. Nosso diretor Krzysztof quis assim.


25.9.09

nada à francesa


Leva manteiga, leite,
cacau e açúcar.
Oh, que linda sobremesa.

Dissipa a tristeza,
que é uma beleza.
Chocolate, querido,
és melhor que um marido.

Toda cheinha, tamanho GG.
Sou mesmo fofinha, como todos podem ver.
E essa noite, chocolate, pode ter certeza,
eu irei te comer.

17.9.09

Origem.




- Oh, Horáculo, eu estou tão confusa. Sinto como se tudo o que eu quero fosse tão vago que se torna quase impossível conseguir. Não sei o que fazer.

- ...

- Se eu pudesse falar sobre isso com alguém que realmente pudesse me ajudar, talvez melhorasse. Mas meus amigos estão tão desorientados como eu, e sempre que falo sobre isso com meus pais, me sinto uma péssima filha. Definitivamente, preciso de conselhos.

- ...

- Eu poderia me casar logo com o Zeuszimar. Ou até mesmo ser meteorologista, como ele, e aí economizava no equipamento. Mas, não tem paixão nenhuma. É como se fosse tudo em vão. Oh, Deuses! Porque eu?

- Caaale-se.

- O que? Oh, Meus Deuses. Que isso?! Quem está aí?

- ...

- Horóscopo? É você? É você me dando uma resposta? Diga que sim, esperei tanto por esse momento!

- Oi, Afrojudite. Sou só eu; nada de Horáculo.

- Germes! Como ousa? Escutando minhas reflexões. Maldito seja!

- Na verdade eu vim aqui entregar-lhe uma mensagem de Zeuszimar e você tava toda animada aí falando com as pedras. Fiquei sem graça de atrapalhar. Bom, aqui está.

- Então porque disse que me calasse? E porque se escondeu?

- Porque eu achei que podia conseguir alguma informação interessante para o aC - Atenas Comics; sabe, a revista de fofocas. Eles pagam em divindades. Seja como for, não aguentei. Você é bem chata.

- Mares e tempestades! Eu o amaldiçoo. Todos os homens da sua família serão incapazes de compreender uma só palavra do que as mulheres entendem. Assim, pagarão pelo seu pecado!

- Que seja. O que diz o bilhete, afinal?

- Ah, sim. Acha que o direi? Apenas vá embora e avise que a deus Afrojudite está furiosa, furiosa!

- Até parece. Eu sei que você quer fofocar. Vamos, leia.


- Já que não tenho mais meu Horáculo... Está certo. Lá vai:

" Afrojudite,



é com tristeza que lhe informo o fim do nosso noivado. Não poderei mais casar contigo, uma vez que você contou para todas suas amigas da Olimpicus - Academia e Spa, do meu... dos nossos problemas na cama.



E, além do mais, conheci Herva. Estou viciado nela. Espero que entenda.

Adeus,

Zeuszimar."

- Não! Não pode ser! AAAH!

- Você e ele têm problemas na cama? Agora sim uma informação que valhe de alguma coisa.

- Ora, chega! Estou farta! Amaldiçoo também todos os homens da família de Zeuszimar. Todos eles serão viciados em bundas e peitos, e nunca poderão escolher uma mulher bela de verdade. Como eu. Hum!





--//--






E assim, criou-se o berço de boa parte da humanidade. Bem, são todos idiotas. xD



11.9.09

Educação avançada.

Tudo em vão. 3 anos de estudos no lixo. Vergonha. Ana olhou para os lados , quase como se esperasse ver o gabarito flutuando em alguma parte daquela sala lotada e iluminada demais. Mas ao invés disso, ela viu algo ainda mais bizarro. Digo 'algo', porque ela não sabia se poderia definir como homem ou mulher, muito menos como pessoa. Era uma coisa toda de preto; mal se via a pele. Era magra e fina, com um rosto quase felino. Um olhar desafiador que fitava fixamente o rosto de Ana.
Como assim? Simplesmente, ninguém mais naquele lugar parecia ter visto a coisa. Os ficais não a notaram, com certeza, porque ela nem sequer estava se preocupando em ser discreta, poderia facilmente estar colando. Mas não; somente Ana a via.
Deveria ser um delírio, pensou. Um momento de loucura devido à pressão sofrida no vestibular. Ai meu Deus, isso a lembrou da prova. Aquele pedaço de papel em branco que decidiria sua vida.
- Está difícil.
A voz da coisa ecoou sinistramente, parecendo muito mais alta do que os ruídos de lápis escrevendo e movimentos nervosos. Ana tinha confiança de responder; ela sabia, não me pergunte como, que ninguém ouviria novamente. Era como um mundo paralelo.
- Sim.
- Escolha um.
- O que?
- Escolha um candidato. Faremos uma troca.
- Um candidato pelo o que?
- Pelo conceito máximo nesta prova. E em todas as outras que você venha a fazer. Estou lhe oferecendo o seu futuro.
- O que você fará com o cara que eu escolher?... Quem, afinal, é você?
- Apenas estou lhe dando uma oportunidade única. Todas essas pessoas estão concorrendo com você. Bem, eles são seus agora. Dê-me um.

Só de pensar naquela possibilidade já fazia Ana se sentir doentia. Seja lá o que aquilo significava, era malígno. Dava para sentir. Mas ao mesmo tempo, imagine como a vida de Ana seria como num conto de fadas, onde a família se orgulharia dela todos os dias, e os amigos sentiriam inveja de como ela é brilhante e sortuda. Era o que ela queria. E estava bem ao alcance de suas mãos.
- Aquele ali.
Ela escolheu um com cara de idiota. Seja lá o que fosse acontecer com ele, seria melhor do que lidar com a faculdade de quinte a qual ele estaria condenado. Qual é, dava para perceber que ele não ia passar. Ela estava até lhe fazendo um favor.
A coisa sorriu, uma coisa de gelar a espinha e desapareceu, junto com o esquisito que Ana acabara de condenar. Um pânico começou a tomar conta de sua mente. Aquilo realmente havia acontecido. Ela olhou para os lados, novamente, agora procurando o cara de idiota, quando percebeu que a prova estava completamente feita, e o cartão resposta marcado.
Uma onda de confiança substituiu o medo e ela levantou, caminhou até o fiscal e lhe entregou o cartão resposta. Seja lá o que tivesse acontecido, agora era passado.
Ana saía do prédio dizendo coisas como "Eles farias o mesmo por você" e "Estamos numa selva, temos que cuidar do próprio nariz", para se convencer que não havia feito nada de monstruoso, mas a verdade era que havia um sorriso de satisfação no seu rosto.
Ela sabia, que naquela noite deitaria a cabeça no travesseiro, com a consciência limpa como a de um anjo. Conseguira o que sempre quis e merecia. Ela merecia, sim. Bastava fechar os olhos e não pensar no cara-de-idiota. Valeu a pena.

7.9.09

Drogada

Meu corpo, em órbita,
viajando,vagando.
Minha mente, em órbita,
cedendo,perdendo.
Meu todo,
suspira e traga;
mente e corpo,
de cara-a-cara
e mãos atadas.

6.9.09

Sobre o azul.



São três as cores da bandeira francesa: azul, vermelho e branco. Assim como as palavras, três: igualdade, fraternidade e liberdade.
Daí se baseia a trilogia do diretor Krzysztof Kieslowski, que é polonês.
O primeiro da série, A Liberdade é Azul, é sobre uma mulher francesa que perde o marido e a filha num acidente de carro, ao qual ela sobreviveu.
O filme em si é silencioso. Não chegamos a conhecer o marido e a filha que morrem na primeira cena, mas muito menos teremos a oportunidade de conhecer Julie (Juliette Binoche). É como se ela tivesse entrado em algum tipo de transe. Sua vida foi tomada pela natureza daquela tragédia.

A direção desse filme é tão interessante; em nenhum momento Julie fala sobre o marido e a filha, mas quando alguém lhe faz lembrar destes, a cena congela e fica tudo escuro em tela. Fui levada para dentro da mente daquela mulher. Breu, escuridão, vazio. E aí, ela volta. Mas não menos fria.

Há momentos em que uma trilha sonora quebra o "estado vegetativo". São músicas compostas pelo marido de Julie, que era um musico famoso. E aí, essa música transborda pelos olhos vazios da mulher. Ela era mãe, esposa e tinha uma casa. Ela os amava e eles a amavam. Agora, ela não era ninguém. O que seria de qualquer pessoa, se não tivesse para quem viver?

A única lição que esse filme me passa, é que só se pode ser feliz, ou mesmo você mesmo, se compartilhar tudo. Dividir tristezas, alegrias e todo o resto; não importa.

A liberdade tratada desse filme, aquela azulada, é tomada de Julie. Ela sobrevive, teoricamente. Ela lembra, sente e sabe. Tem total consciência de que perdeu a liberdade de ser ela mesma.

5.9.09

Saber.



Meu amor, você é um espelho, um cigano.
E eu te tenho em mim, por encanto.
Aconteceu e eu não sei se te chamo,
ou me calo e te espero num canto.
Simplesmente te quero, de um tanto,
e continuar desse jeito é um engano.

Eu preciso saber de você,

que te amo sem medo, sem pranto.


3.9.09

Coisas que eu amo em Cassino.

Eu amo o jeito como há mais de um narrador em diferentes partes do filme, e todos eles são personagens. Corresponde à memória particular de cada um, então você tem vários pontos de vista.

Amo como Nikki (Joe Perci) fala fumando e ao mesmo tempo olhando para os lados para ver se tem alguém com cara suspeita. Ele murmura coisas bem típicas dele, como "Quem é esse cara?" ou "Me dê o dinheiro" (Give me the fuckin money). Em inglês é outra coisa.

Adoro como Sammy (Robert DeNiro) repete duas vezes uma pergunta de confirmação com os olhos apertados em sinal de ameaça. Exemplo:
Nikky: Ginger está aqui comigo.
Sammy: Ginger está aí com você?
Nikky: Sim.
Sammy: Ela está aí?
Nikky: Está, droga!
Sammy: Com você! Nãoi saia daí. Estou chegando.

E aí ele desliga e sai seja lá daonde esteja para encontrar a mulher drogada e linda.
E, aliás, adoro o jeito como sempre há um telefone para ser atendido especialmente pelo Sammy. Aonde quer que ele vá; tem um telefone.

Amo, também, o enfoque dado em certas cenas com o congelamento desta. É como se Scorsese estivesse mandando um recado de "preste atenção, aqui." e realmente valhe a pena.
Isso também acontece quando a música vai aumentando de volume e acelerando nos momentos antes de um tiro, por exemplo, ou da polícia arrombar alguma porta. E, quando a ação acaba, tudo fica silencioso do nada.

Gosto muito de imaginar os minutos de preparação da Sharon Stone antes de entrar em cena. Como fazer aquela cara imaculada de fingida? Imagino ela se esbofeteando no camarim, sóbria.

Isso me faz lembrar das cenas de espancamento. Faz você pular da cadeira e, sei lá, desejar ser um gangster por um momento para poder bater daquele jeito! Cara, como eles batem.

Destaque para os ternos do Sammy. Simplesmente tão coloridos e cafonas que você não espera ver o Robert DeNiro num deles novamente. Aproveite cada minuto.

Amo as demolições e os idosos numa marcha bizarra, ao som de música clássica, no final. Passa um sentimento de pânico, que você não entende bem. Quer dizer, não só idosos de moletom. Mas sempre que eu lembro daquela cena, por algum motivo, penso em lobotomia e lavagem cerebral.
Por sinal, eu amei o fim. Como mais terminar? É isso aí, pronto, fim. Close no DeNiro. Créditos. Dá vontade de rever mil vezes. Acredite, eu revi.

Bom, voltando:
Amei o fato de alguém finalmente ter batido na Ginger. Sou contra agressão às mulheres. Mas precisava. Só vendo para entender.

A trilha sonora é maravilhosa.

Tem uma coisa muito legal entre os personagens da máfia: Se você não é italiano, não é tão confiável. Você pode falar alguma coisa, então, mesmo sendo legal, vai morrer. Só para constar, eu tenho nacionalidade italiana. (?) Ainda no tema italiano, não podiam faltar os beijos de cumprimento. São homens milhonários, matando gente, e... se beijando no rosto. Não preciso dizer mais nada.

É isso. Assista Cassino.