6.9.09

Sobre o azul.



São três as cores da bandeira francesa: azul, vermelho e branco. Assim como as palavras, três: igualdade, fraternidade e liberdade.
Daí se baseia a trilogia do diretor Krzysztof Kieslowski, que é polonês.
O primeiro da série, A Liberdade é Azul, é sobre uma mulher francesa que perde o marido e a filha num acidente de carro, ao qual ela sobreviveu.
O filme em si é silencioso. Não chegamos a conhecer o marido e a filha que morrem na primeira cena, mas muito menos teremos a oportunidade de conhecer Julie (Juliette Binoche). É como se ela tivesse entrado em algum tipo de transe. Sua vida foi tomada pela natureza daquela tragédia.

A direção desse filme é tão interessante; em nenhum momento Julie fala sobre o marido e a filha, mas quando alguém lhe faz lembrar destes, a cena congela e fica tudo escuro em tela. Fui levada para dentro da mente daquela mulher. Breu, escuridão, vazio. E aí, ela volta. Mas não menos fria.

Há momentos em que uma trilha sonora quebra o "estado vegetativo". São músicas compostas pelo marido de Julie, que era um musico famoso. E aí, essa música transborda pelos olhos vazios da mulher. Ela era mãe, esposa e tinha uma casa. Ela os amava e eles a amavam. Agora, ela não era ninguém. O que seria de qualquer pessoa, se não tivesse para quem viver?

A única lição que esse filme me passa, é que só se pode ser feliz, ou mesmo você mesmo, se compartilhar tudo. Dividir tristezas, alegrias e todo o resto; não importa.

A liberdade tratada desse filme, aquela azulada, é tomada de Julie. Ela sobrevive, teoricamente. Ela lembra, sente e sabe. Tem total consciência de que perdeu a liberdade de ser ela mesma.

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