27.3.11

Pio

Minha hora favorita é quando só se ouve, talvez, os pingos que pingam na pia da cozinha. É quando eu me dou conta de que eu e você somos um 'ainda' (o que eu pensei que não poderíamos ser). Ainda que nada mais faça sentido. Ainda que você seja um iludido, eu me sujo de fantasia que só nós podemos ver. Eu sou ainda o que ainda é você. E, assim, somos, nós, dois aindas, que insistem em ser. Essas verdades cotidianas só são apresentadas aqui, entre os pingos caídos, escorrendo pelo encanamento e desaguando não se sabe onde. No silêncio dessa hora surda. E, ainda assim, somos um pio, um assobio bonito como ainda podemos ser.

Um comentário:

  1. Olá.

    Retribuindo sua leitura lá no 'poesia in loco'.

    bunito dimais...

    outro idílico cantinho pra achegar.

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