13.3.11

Um par de sonhos

Alguns sonhos existem em nós sem a pretenção de se tornarem realidade do lado de fora. Desejos que, sonolentos, as vezes beijam as pálpebras de seu dono , revelando sua essência sem se impor. Alguns sonhos nascem somente para serem sonhados e, assim, não morrem nunca pois jamais serão plenamente realizados. São feitos para serem incompletos de realidade, para que preencham a nossa própria com seu teor utópico. E isso tem tanta beleza, como um paraíso particular privado para onde se pode recorrer nas horas do dia em que se fazem necessários. Uma pausa programada para uma trama já conhecida; os sonhos esquecidos no imaginário da mente, no inventário do coração. Uma sensação que pode ser sentida ao se deparar com uma memória remota encostada no canto do tempo, em portas fechadas, em copos vazios, em pequenos tesouros encontrados pela casa, em marcas na almofada, em receitas de vida mal resolvidas. Pequenos sonhos existem em pequenas coisas do dia a dia, que enriquecem a felicidade com um brilho simplório. Pequenos sonhos são feitos de segredos sagrados protegidos por pálpebras sonolentas que beijam os olhos. Pelo sabor do beijo não dado, eternamente idealizao. Daí se extrai a maior parte das alegrias; do pouco que se é dado, aos tropeços, por um sonhador cançado da realidade na qual se afunda. Pequenas brisas de momentos felizes, são o par de sonhos que calçam os pés que tocam o chão.

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