13.2.11

Nada faz sentido

Que confusão é o vento, quando ele venta como agora. Sem direção, sem coração. Eu digo, vem, estamos em sintonia. Eu sou ar também, digo em voz alta. Eu confesso ao vento que venta em mim. No meu pulmão, é uma ventania dançante. No meu coração, é uma brisa, mas transborda. Fecho os olhos e sinto o vento no meu rosto. Imagino uma cortina leve balançando. Imagino cabelos esvoaçantes, olhos molhados, cachecol voando para longe, árvores agitadas. Respiro fundo; mais ar, mais combustível. Imagino paredes caindo, folhas sequestradas, braços abertos, meu rosto. Seu rosto. Ele encosta em mim, vindo com o vento, ele me toca na face. Torno, então, a abrir os olhos, e expiro a calmaria que se seguirá. Eu olho para o ar em movimento e percebo o fugaz momento em que não acho sentido, não me faço sentido e exatamente por isso não acho desperdício tamanho rebuliço que é causado pelo vento. Minha mente traga seu rosto, meus olhos observam a ventania em suas milhões de cores, meu pulmão enfim respira, e meu coração... meu coração humildemente me dá a mão. Seja lá o que aconteça, eu e ele sabemos que nunca faremos sentido perante o vento. Ambos apenas sentiremos.

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