26.8.09

Não é sério.






Outro dia a professora de redação apresentou uma proposta de texto para a turma. Devíamos mandar uma "carta do leitor" para o jornal O Globo criticando, positiva ou negativamente, o artigo que ela indicaria.
Muito bem. O artigo tratava de uma pesquisa sobre o nível de divórcios nas áreas em que a televisão tinha sinal (obs: 98% do Brasil). O resultado foi que acontecem mais divórcios, e também diminuiu o número de filhos por família. Até aí, tudo bem. Quer dizer, meu humor cético (HC)ainda não fora ativado, mas quando o artigo afirmou que esses índices mostram como a novela (sim, novela) influencia a vida das pessoas, o HC disparou.
É o tipo de coisa que eu leio e me pergunto se é sério.
Mas aí me fez pensar se é possível. Se eu pensar de maneira bem... aberta, posso concluir que boa parte da população brasileira que assiste novelas é facilmente impressionável e pode, sim, aderir ao estereótipo padrão proposto pelas novelas.
Aquela coisa que todos já vimos; a empregada é negra, a filha mimada é problemática, a mulher é linda e o pai é rico. No outro lado, o pai é desempregado, a filha é a defensora dos fracos e oprimidos e a mulher frita pastel. Ah, e a empregada é inexistente.

Mas e quanto àquela parte que assiste a novela, mas nem por isso é seduzida pelo modelo comercial de margarina? A pesquisa provavelmente não cobriu essa área do Brasil.
A questão real é que a TV, como qualquer outro meio de comunicação, tem um papel limitado nas decisões das pessoas. Você. Você, se por acaso visse sua favorita das 20h, comprando maconha e dando para sua filha, faria o mesmo? Pode ser um exemplo exagerado, mas é isso aí. Você não iria, nem eu e talvez o cara do morro.
A novela retrata a sociedade atual, com suas características obviamente modificadas para se adequarem ao padrão televisivo.
Não se pode responsabilizar esse tipo de entreterimento (no fundo, é só o que é) por assuntos polêmicos como 'ter um filho' ou até mesmo 'ser homossexual'.
Temos realidade e ficção, cenas verdadeiras e outras completamente falsas. Afinal, o autor da novela é um romancista como outro qualquer.
Mas, por favor, lembre-se que Caminho das Índias já está durando até demais, e nem por isso estamos falando Harebaba na rua. Ou estamos?!

2 comentários:

  1. Nessa pesquisa que fala da televisão como causadora das separações esqueceu de uma coisa: os lugares sem televisão no Brasil vivem em estruturas sociais parecidas com as do início do século passado. As pessoas não têm informação e não desenvolvem o pensamento de que a mudança (separação) é possível. Ainda tem na religião a principal forma de entretenimento. Como a religião diz que as pessoas não devem se separar, não se separam. Não é a mocinha se separando que faz a pessoa se separar.

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  2. Big Middle Brother5:50:00 PM

    Esse maluco aí de cima foi meio contraditório a TUDO que você disse, mas tem um ponto positivo: "religião". O resto pode jogar no lixo que não serve para nada.
    Além do mais, o que eu posso acrescentar ao que você escreveu? Simples: Sim, as pessoas estão falando "HARIBABA" nas ruas, o que responde PLENAMENTE a sua pergunta!
    :D

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