25.10.09

Direção contrária


Sigo para lá e para cá.
Deireita e esquerda.
Sigo o sentido da brisa que vem do Norte,
assim como o da ventania que vem do Sul.
Sigo no sinal vermelho,
como sigo no verde, amarelo, no preto e no branco.
Bussola quebrada em mãos.
Migro no inverno do Rio,
e no verão de 40°, eu hiberno.
Sigo o rumo duvidoso da rotina,
aquela do dia-a-dia desgostoso; me canso.
Sigo a correnteza de um rio e deságuo no oceano,
deságuo no oceano e sigo a maré,
sigo a maré e não dá mais pé.
Em alto mar, já, nado e nado, como num mesmo ponto de partida.
Enfim, sigo cardumes inteiros,
direto para a rede de barcos pesqueiros.
Sem tempo, encontro-me cigana em terras distantes,
perseguindo, agora, os nômades, sem casa,
sem lar, abrigo e nem sequer um tostão.
Mas depois de tudo, encontro um destino cretino,
na palma da minha mão.


Um comentário: