28.1.10

Meu senhor

Minha garganta arde com o gole exagerado, inesperado.
Minha língua áspera,
gota a gota,
e vem logo aquele beijo na boca do estômago.
Quase dá para suspirar.
Como é bom,
seu amor numa taça.
Meu rosto queima,
morno, turvo.
Atiça meu desejo,
de novo e de novo,
mais uma taça.
Desperto do meu esboço mais mal feito,
e o contido, revela-se, mas é mentira.
Do sentido, ou sentidos, despeço-me.
Na outra taça, desgraça.
Faço-me palhaça
e fico zonza com o som da minha própria gargalhada.
A garrafa de sangue barato,
para as minhas veias escravas.
Quase posso sentir, agora,
o olhar perdido no cristal.
Cheia do amor vazio de uma taça quebrada.

2 comentários:

  1. Simplesmente lindo!
    Amei essa poesia "aos tropeços"! Hehe! Bjs!

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  2. Amei a poesia. Realmente profunda.
    Já te disse, mas não custa repetir: teus textos estão cada vez melhor e tuas palavras demonstram o quanto de sentimento e talento tens para a escrita. Parabéns!

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