7.11.09

Um certo errante

Tempo pode até não existir para algumas pessoas. Eu mesma já achei que tempo era uma ilusão, quase que um bem imaginário em constante metamorfose. Complicado, eu sei. Vou tentar explicar: Cada um tem seu tempo de nascimento, e a partir dele contamos os anos para nossa morte. No início, comemoram-se os meses vividos, ainda bebê, quando não há muita atividade produtiva, mas, como todo e qualquer começo, é bonito. Depois, contamos os anos, mas não aprendemos ainda para quê, exatamente, tem aquele parabéns com todo mundo reunido, etc e chega. O tempo vai passando e as vezes parece que quase pára. E vai num rítimo arrastado até que, quando a pessoa se dá por si, lá se foi boa parte dos anos em que o joelho ainda não doía e... bem, basicamente todo o resto ainda prestava. Daí os dias passam devagar, demorados e chatos, enquanto que os anos vinham avassaladores sem a menor piedade sobre as rugas. Já não se sabe nem ao menos o porquê daquela antiga pressa... Tolice. Vem aquele pensamento, todas as manhãs ou noites, de que já está acabando, a parte boa já passou, daqui a 20 anos... quem sabe, inválido numa cama ou pior ainda numa caixa. Quem sabe?
Bom, eu tinha essa filosofia sobre o meu tempo, com o que julgava ter aprendido de valioso em filmes e músicas. Tempo e morte sempre foram os meus dois temas favoritos. Não pelo caráter mórbido ou funesto como alguns pensam, mas porque são tão interessantes e humanos. Fazem parte de mim, como menina de 16 anos que ainda sou, sem ser concreto. Não é como amor, vê? Amor a gente pode quase sentir o gosto... mas tempo? Morte? Estão onipresentes e invisíveis. Talvez eu devesse viver de acordo com a época que me convém. Eu estou mais na fase de curtir sem consequências do que me preocupar com crises existenciais. Mas eu saber disso tudo não me faz ter menos medo de nunca concretizar algo realmente gradioso ao meu ver. Medo maior mesmo, é o que eu sinto de ficar velha. Sábia, qual a vantagem? Prefiro, muitas vezes, ser ignorante, amadora em tudo, errante, e jovem para continuar nesse ciclo vicioso que me é tão belo e rico, do que ter uma mente trabalhada em anos e anos de fatos e datas. Tenho paixão pelo erro, pelo impulso dos amantes, de se tocarem e possuírem como se não houvesse amanhã.
Não espero chegar a nenhuma conclusão com esse texto, nem para mim nem para quem o lê, muito embora espero estar passando alguma coisa. Mas esse mistério me atrai; são perguntas que só são bonitas para mim, porque eu sei que nunca terei resposta. Então, se você leitor/leitora, achar que pode me dar alguma, por favor, não o faça. Prefiro meu estado bêbado de dúvidas, dramas e ideologias furadas. Prefiro esse andar no escuro, mesmo que algum filósofo ou qualquer pensador venha me chamar de preguiçosa. Mas eu nunca disse que não era. Não preciso de motivos nobres, digo aos quatro ventos; Prefiro estar embriagada.


PS: Time - Pinkfloyd
Morangos Silvestres - Ingmar Bergman
São esses um dos filmes e músicas que inspiram para tudo isso.

Um comentário:

  1. Que lindo!
    Realmente, a dúvida pode ser uma arte...
    E às vezes, é melhor estar embriagada na dúvida... Do que estar sóbria com uma possível realidade!
    Bjs!

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