23.5.09

Reflexões de Norman Bates

Embalsamar é belo. Como não? Veja todos esses animais; sua natureza foi eternizada. Muitos outros poderão contempla-los como a uma obra de arte.
Verão a incrível magia do amor. Como ele, sozinho, pode transformar as criaturas vivas, em algo tão maior.
Oh, quem me dera ter quem limpasse meu interior de tudo que fosse apodrecer, e me fizesse imortal. Se pudesse, eu o faria.
Prazer imenso; transformei meus pássaros. O vício começou e eu me tornei mestre em embalsamar tudo o que via que me chamava a atenção.
Como aqueles ratos são interessantes.
Como aquele peixe tem um formato exótico.
Como aquela doninha é engraçada.
Oh... como aquela mulher é linda.

Todos finalmente, felizes na minha sala. Eles não poderiam querer nada mais. Realizei o sonho deles e agora, eles me fazem compania por puro afeto; como me amam!
Afinal, como poderiam não amar? Sempre fui assim, lotado de caráter e doçura. Eles me veem, todas as noites. Deixe que percebam, eles dirão uns aos outros, em segredo.
Eles sim, somente meus amigos verdadeiros, mudos e estáticos, sabem que eu nunca machucaria nem sequer uma mosca.

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OBS da autora: Para quem não viu, esse texto é inspirado no filme Psicose de Alfred Hitchcook. As "reflexões de Norman Bates" é o que eu imagino que o personagem pensava, imaginava durante o período de isolamento com sua mamãe. Ah, aquela doce senhora. Mas não vou me demorar falando sobre isso. Só digo que, quando se trata da arte de embalsamar, Norman Bates dá um show.

2 comentários:

  1. Eles sim, somente meus amigos verdadeiros, mudos e estáticos, sabem que eu nunca machucaria nem sequer uma mosca.

    poxa, eu nao sou muda!

    hohohoho :)

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  2. nunca tenho palavras pra cmentar seus textos, tu me impressiona de verdade (y)

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